ENERGIAS
Resíduos continuam a liderar a produção de biocombustíveis em Portugal

Resíduos continuam a liderar a produção de biocombustíveis em Portugal

O mais recente relatório semestral da Associação de Bioenergia Avançada revela que a produção de biocombustíveis em Portugal aumentou 9% de 2021 para 2022, e que, no primeiro trimestre de 2023, as matérias-primas mais utilizadas na sua produção foram os Óleos Alimentares Usados (OAU) (61%) e as matérias-primas avançadas (25%).

O mais recente relatório semestral da ABA  (Associação de Bioenergia Avançada) revela que a produção de biocombustíveis em Portugal aumentou 9% de 2021 para 2022, e que, no primeiro trimestre de 2023, as matérias-primas mais utilizadas na sua produção foram os Óleos Alimentares Usados (OAU) (61%) e as matérias-primas avançadas (25%). 

O setor dos transportes continua a ser um dos principais responsáveis pela poluição ambiental, sobretudo pela circulação de veículos com motores de combustão. Em abril de 2023, a maioria dos veículos ainda movidos a gasóleo representavam 96% das vendas em Portugal, enquanto os veículos elétricos representavam apenas 3%. Nesta perspetiva, a adoção de misturas de combustíveis mais ricas em matérias sustentáveis revela-se essencial na descarbonização dos transportes, dado que podem ser utilizadas nos veículos hoje em circulação. Além de reduzirem a dependência de combustíveis fósseis, contribuem para a diminuição das emissões poluentes

na atmosfera e a valorização do ciclo de vida de resíduos com potencial energético.

Os Óleos Alimentares Usados são óleos vegetais que foram utilizados na preparação de alimentos, assumindo-se por isso como resíduos. Ao promover a economia circular, o setor da Bioenergia está a reintroduzi-los como matéria-prima para geração de energia com baixo teor carbónico, aproveitando o seu potencial energético.

Já as matérias-primas avançadas também conhecidas por matérias-primas de última geração, compostas por resíduos oriundos, por exemplo, de borras de café, margarinas e molhos fora de especificação, entre outros, que têm crescido como fonte para produção de biocombustíveis.

“Quando começámos, há quatro anos, um caminho ao lado dos combustíveis verdes e dos biocombustíveis, começámos precisamente por construir o que seria a nossa visão para um setor bem desenvolvido nesta área. A conferência B+ Summit foi outro momento de destaque, e termos conseguido trazer para este evento uma representação quase completa, tanto do setor dos resíduos para combustíveis verdes, incluindo utilizadores desses combustíveis (as frotas, as entidades públicas, as instituições que servem o setor), deu alento a todos os representantes, alcançando algo que há três anos teria parecido impossível. Hoje vemos a produção de biocombustíveis a crescer, de ano para ano, em Portugal, o que mostra que o país está a ter um papel proativo na construção de uma agenda positiva neste setor particular”, afirma Emanuel Proença, Presidente da ABA.

Os biocombustíveis e os combustíveis verdes constituem uma alternativa economicamente acessível e de fácil implementação face aos combustíveis tradicionais, uma vez que tiram partido das infraestruturas já existentes e compatíveis com estas fontes. Exemplo disso é o biometano, um gás renovável produzido a partir de resíduos e com menor impacto carbónico, que pode ser utilizado para o abastecimento de veículos e para a rede de consumo, substituindo as fontes de energia convencionais. Atualmente são produzidos na Europa cerca de 14,4 bcm de biogás e 3,5 bcm de biometano, mas a perspetiva é que, até 2050, a União Europeia produza entre 100 a 150

bcm de biometano.

“A ABA está a desenvolver uma Estratégia Nacional para o Biometano (ENB) com o objetivo de impulsionar a produção, o uso e a incorporação deste gás na matriz energética do país, ao fomentar a criação de parcerias entre os setores público e privado e a implementação de medidas de incentivo ao seu uso. A Europa já está a investir largamente neste combustível de grande potencial energético e, em Portugal, verificam-se importantes projetos em

desenvolvimento. As políticas de incentivo ao rápido desenvolvimento dos biocombustíveis são fundamentais para que se possa aproveitar o potencial deste setor e garantir um futuro mais

limpo e sustentável para todos”, acrescenta o responsável.

A ABA celebrou em agosto quatro anos de atuação e tem crescido com o objetivo de promover a Bioenergia na transição energética para a economia circular. Atualmente, conta com 19 associados e operadores de norte a sul do país, que trabalham no sentido de promover uma rede mais conectada e ampla na missão de recolha de resíduos e na transformação e na

distribuição de biocombustíveis avançados.

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