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Data centers têm de se “transformar rapidamente para se manter na vanguarda”

A Smart Planet em Itália a convite da Schneider Electric

Data centers têm de se “transformar rapidamente para se manter na vanguarda”

Os data centers são necessários para as pessoas e as organizações – é por aí que passa grande parte da informação atualmente –, mas são muitas vezes vistos como um dos grandes consumidores de energia sem produzir um produto tangível

A Schneider Electric juntou jornalistas de 16 países europeus – a Smart Planet foi uma das convidadas – para partilhar a sua visão sobre como o mercado de data centers – um dos que mais gasta energia – se pode tornar mais sustentável, reduzindo o desperdício de energia.

No Schneider Electric Cooling Hub em Conselve, na zona norte de Itália, Marc Garner, Senior VP, Secure Power Division Europe na Schneider Electric, partilhou que o objetivo do evento e do convite está ligado à importância do cooling nos data centers na sustentabilidade e, ao mesmo tempo, ao papel do data center na era da inteligência artificial.

Europa e a soberania energética

A mudança da energia fóssil para energias alternativas já começou e estamos num ponto de inflexão. No entanto, a curto prazo, temos uma crise de energia e não é possível esquecer a crise climática a longo prazo.

A Europa está a tornar-se menos atrativa para investimento estrangeiro, que desceu 15%; em comparação, o investimento estrangeiro nos Estados Unidos aumentou 18%. Marc Garner refere que a causa é a crise energética e dá como exemplo o aumento dos preços dos dois lados do Atlântico: na Europa, os preços de energia aumentaram 1.100%; nos Estados Unidos cresceram 200%.

Marc Garner, Senior VP, Secure Power Division Europe na Schneider Electric

Ainda que a produção de eletricidade na União Europeia esteja a tornar-se mais verde, 70% da energia do ‘velho continente’ vem de combustíveis fósseis. A Europa, diz Marc Garner, não tem soberania energética, com apenas 20% do gás natural e petróleo (oil) a ser extraído dentro da União Europeia.

A forma como produzimos energia é ineficiente”, afirma Garner, explicando que 60% dos sistemas de energia end-to-end baseado em fósseis é perdido, para além de mais de 80% das emissões de CO2 mundiais estarem ligadas à produção e consumo de energia. Assim, “a segurança da energia e a sustentabilidade são os lados da mesma moeda”.

Garner refere que os desafios climáticos, a geopolítica e o stress sob as cadeias de valor criaram níveis recordes de volatidade nos preços de energia e 2023 ainda oferece o mesmo risco.

Crescimento do mercado de data centers

Os data centers ‘vieram para ficar’, mas com o crescimento da procura pela digital, a indústria de data centers é cada vez mais criticada porque consome grandes quantidades de eletricidade e de água, emite carbono e produz lixo sem produzir produtos tangíveis.

Marc Garner partilhou que, até 2025, a pegada elétrica de todos os data centers deverá aumentar 50% e, no mesmo período, espera-se um crescimento de 500% em termos de dados gerados. Até 2040, espera-se um crescimento de 140 vezes no tráfego IP.

Espera-se que, nos próximo oito anos, a União Europeia assista a um crescimento exponencial do mercado de data center. Segundo o Senior VP, Secure Power Division Europe na Schneider Electric, entre 2022 e 2030 os requisitos da cloud e do edge deverão crescer quatro vezes e o tráfego de Internet deverá multiplicar-se por cinco. Até 2030, o valor económico dos serviços de cloud nos 27 Estados-membro da União Europeia deverá atingir os sete mil milhões de euros. 

A tecnologia – de uma forma geral – e a inteligência artificial – em particular – estão a ajudar o crescimento do mercado de data centers. Estima-se que, entre 2023 e 2026, as receitas mundiais de IA dupliquem, atingindo os 300 mil milhões de dólares. Até 2025, metade dos data centers dedicados a serviços de cloud vão implementar robôs avançados com capacidades de inteligência artificial e machine learning.

Marc Garner refere que o mercado está a mover-se na direção correta, mas “ainda há muito por fazer”. A União Europeia conta com políticas climáticas e de energia – como o Green Deal, o REPowerEU e o objetivo de tornar o continente europeu climate-neutral até 2050. Também o mercado de data centers procura tornar-se mais sustentável, nomeadamente através do Climate Neutral Data Center Pact, do frameworks de auditoria e o objetivo de tornar o mercado climate-neutral até 2030.

A eletricidade 4.0 é, segundo Garner, o combustível para um mercado de data center mais sustentável e resiliente, onde o digital torna “o invisível visível”, elimina os desperdícios e aumenta a eficiência em conjunto com a eletricidade, a “energia mais eficiente” e o “melhor vetor para a descarbonização”.

Assim, é necessário acelerar a eletricidade 4.0 através da eficiência energética – onde a energia poupada pelo digital significa edifícios eficientes –, da eletrificação, de energia verdes – como energias renováveis – e da flexibilidade.

Num ambiente incerto, o setor [de data centers] tem grandes oportunidades, mas está constantemente a evoluir e a mudar e é necessário transformar rapidamente para se manter na vanguarda”, afirmou Marc Garner. “Não há falta de energia; há demasiado desperdício de energia”.

 

A Smart Planet marcou presença em Itália a convite da Schneider Electric

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