ENERGIAS
8 anos chave para a tecnologia e o ambiente

Opinião

8 anos chave para a tecnologia e o ambiente

Para responder às expectativas dos seus clientes e a uma mais apertada malha legal, as empresas têm procurado adoptar práticas mais sustentáveis, embora com padrões diferentes entre Indústrias e sectores

No início de Abril de 2022, o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) atualizou a sua análise sobre as medidas tomadas para mitigar as alterações climáticas. O IPCC é uma organização criada sob a égide das Nações Unidas que agrega o esforço  de cientistas e técnicos de diferentes origens e áreas para analisar e produzir relatórios sobre as alterações climáticas. É a organização mais credível e independente que se debruça sobre as alterações climáticas e é seguida atentamente por governantes e legisladores.

Sem serem novas, as conclusões mais recentes continuam alarmantes mas com uma luz ao fundo do túnel. Segundo o IPCC, ainda é possível reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% até 2030 mas temos que agir agora. Outro alerta é que necessitamos de intervir em todas as áreas e sectores sem exceção.

Uma maior consciência das sociedades sobre o problema das alterações climáticas tem levado a uma pressão positiva sobre Governos, empresas e outras organizações a serem mais ativas nesta área.

A Indústria representa cerca de 25% das emissões da gases com efeito de estufa e o caminho a seguir está bem identificado: utilizar materiais de forma mais eficiente, reutilizar e reciclar produtos em fim de vida e minimizar o desperdício.

Para responder às expectativas dos seus clientes e a uma mais apertada malha legal, as empresas têm procurado adoptar práticas mais sustentáveis, embora com padrões diferentes entre Indústrias e sectores.

O sector das TIs tem inúmeros bons exemplos de práticas a seguir na questão da sustentabilidade, mas também tem uma grande responsabilidade nesta área. É geradora de muitos resíduos eletrónicos, é um sector em crescimento com elevada procura e a obsolescência dos produtos é, em geral, de curto prazo. A seu favor joga o fator inovação que resulta da elevada cadência de introdução de novos produtos no mercado, o que favorece a adoção de melhorias do ponto de vista ambiental. Este fator acaba por beneficiar o tema da sustentabilidade. As tecnologias, nesta e em outras áreas, são um exemplo a seguir: colocam a inovação também ao serviço da sustentabilidade, servem como referência para outros sectores, e permitem que esta inovação seja transposta de forma sustentável para outras Indústrias, como a automóvel por exemplo. A inovação tecnológica é, por si só, um catalisador de um maior respeito pelo planeta.

As grandes empresas do sector, mais expostas em termos mediáticos e de regulação, têm apresentado avanços significativos na redução e reutilização de materiais, na redução das emissões e nos volumes de materiais reciclados. Ainda assim, nem todos os países nem todas as empresas caminham ao mesmo ritmo e muito ainda há por fazer.  Mas o simples facto das grandes empresas partilharem  publicamente os seus objetivos de sustentabilidade tem dois efeitos positivos: por um lado assumem um compromisso público que será escrutinado, havendo um maior incentivo para que seja atingido. Por outro, servem como referência para as outras empresas do sector e de outras Indústrias. Também aqui a concorrência funciona a favor dos consumidores - as empresas também não querem ficar atrás dos concorrentes na questão ambiental.

As empresas que lideram no esforço ambiental comprometem-se a atingir uma operação neutral do ponto de vista das emissões de carbono num prazo de 8 a 18 anos, entre 2030 e 2040. Isto significa que querem compensar na totalidade as emissões das suas operações com a retirada desse volume de CO2 e reduzir significativamente a emissão de gases com efeito de estufa. Também se comprometem a utilizar progressivamente uma maior percentagem de energia de fontes renováveis até atingirem a totalidade do seu consumo.

 

Por outro lado, apresentam planos de introdução de produtos mais verdes e com programas de reciclagem que pode atingir os 100% dos componentes.

No domínio das pessoas e comunidades, as empresas líderes em sustentabilidade asseguram-se que todas as empresas da sua cadeia de fornecimento gerem os recursos humanos com respeito e dignidade e que investem na sua formação. Internamente, partilham dados que sustentam uma cultura de diversidade, equidade e inclusão, partilhando números sobre a participação de minorias em posições de gestão por exemplo.

Finalmente, as empresas que lideram este tema contribuem para as comunidades onde se inserem, através de programas de formação, doações e voluntariado sobretudo para os segmentos mais vulneráveis e marginalizados.

Para além das empresas, o papel dos consumidores e dos governos é fundamental para gerar uma mudança positiva. Os consumidores devem juntar as ações às palavras e usarem o seu poder de escolha para optarem por produtos e empresas com práticas mais sustentáveis, sempre que o prémio a pagar seja razoável. As suas práticas de consumo responsável e reciclagem de produtos em fim de vida também são pequenos mas importantes contributos para um problema global.

Na ótica das políticas públicas várias normas recentes vão ao encontro dos interesses dos consumidores, como o alargamento das garantias dos produtos para 3 anos ou a obrigatoriedade das marcas fornecerem peças de substituição dos produtos vendidos por um prazo mínimo de 10 anos.

Embora algumas destas medidas possa ter um efeito nos preços dos produtos, são sinais da direção a tomar: reduzir o consumo de materiais, evitar o desperdício.

Mesmo que persista uma crença generalizada que o combate às alterações climáticas está sobretudo nas mãos dos Governos, a verdade é que todos os atores da sociedade têm um papel a desempenhar.

O sentido de urgência deve ser geral e consumidores, empresas, organizações e legisladores devem alinhar-se para atingir o objetivo de redução das emissões.

O problema é global e a solução está no esforço conjunto de todos.

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