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Smart Cities em 5 passos

Smart Cities em 5 passos

Cada vez mais cidades estão a adotar tecnologias Smart para optimizar a sua eficiência e a qualidade de vida dos seus cidadãos. No entanto, uma cidade verdadeiramente inteligente é mais que a soma das suas tecnologias—e uma abordagem correta é vital.

A população urbana está a crescer, com cerca de 58% do mundo a viver em cidades. À medida que este número aumenta, e com a previsão da World Health Organization que 75% da população estará a concentrada nas cidades em 2050, é ainda mais importante que as cidades se adaptem e modernizem para melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes.

Para qualquer cidade se tornar mais inteligente, existem cinco principais checkpoints que devem ser resolvidos antes de avançar. Se qualquer um destes passos for negligenciado, ou abordado fora de ordem, poderá resultar em esforço desnecessário ou duplicação de serviços.

1) Definir o que smart significa para a cidade

Nem todas as cidades terão os mesmos objetivos e necessidades ao tornarem-se uma Smart City. As tecnologias que cada cidade irá necessitar variam em função da região, país, e caso individual. A inteligência de uma cidade está baseada na qualidade de vida dos seus habitantes, não na quantidade ou sofisticação das suas tecnologias.

Nem todas as cidades são confrontadas com os mesmos problemas, e o mesmo problema poderá ter origens diferentes em cidades diferentes. Por exemplo, o uso de sensores para monitorização da qualidade do ar é vital, mas a sua melhoria está, em algumas cidades, na transição para energia limpa, enquanto noutras a mobilidade e transportes são prioritárias.

Determinar e implementar a tecnologia mais útil é um dos maiores desafios na transição de uma cidade.

“Para uma cidade como a Copenhaga, Smart tem um significado muito diferente do que numa cidade como Louisville. No início dos 2000, a Copenhaga declarou “em dez anos seremos carbon-neutral”. Para eles, o seu plano Smart estava centrado na eficiência energética e tecnologia limpa,” explica Arvind Satyam, managing director of business development for smart and connected communities da Cisco.

Em Dubai, acrescenta, Smart significava oferecer aos cidadãos melhor acesso a serviços de tráfego, parqueamento, e segurança.

“Pensem no que Smart significa para as vossas cidades, e o que significa em termos do que a cidade está a tentar alcançar.”

2) Reunir recursos dos sectores público e privado

Parcerias com instituições académicas e fabricantes do sector privado podem auxiliar cidades em termos de financiamento e recursos.

Chicago, por exemplo, está a trabalhar em parceria com as universidades locais para desenvolver tecnologia e disponibilizar código open-source de forma a que entidades em todo o mundo possam usar o que Chicago já desenvolveu, e construir a partir daí.

Brenna Berman, comissária e CIO do Chicago Department of Innovation and Technology (DoIT) , explica: “Todas as cidades estão a experienciar tempos de orçamentos limitados, exatamente como Chicago, e não há razão para que outra cidade não possa tomar partido do nosso código de restauração, por exemplo, e implementá-lo sem fazer o investimento que fizemos. O nosso plano é adotar outros códigos open source de outras cidade. Existe uma relação de natureza colaborativa entre municipalidades e governos, pelo que estamos a trabalhar uns pelos outros.”

Todo este código está online, para que outros investigadores possam tomar partido do mesmo e dos dados resultantes, bem como trabalhar para o melhorar, ou mesmo usá-lo para os seus próprios projetos Smart City sem custos adicionais

3) Envolver os cidadãos

É importante envolver os cidadãos o mais cedo possível no processo—em governos locais e nos social media—de forma a determinar o que mais importa para eles e como novas tecnologias poderiam facilitar as suas vidas.

Por exemplo, a Current (powered by GE), fabrica sensores para instalação em semáforos inteligentes, com várias possibilidades de aplicação. Têm a capacidade de medir o tráfego pedestre e determinar o número de piões num determinado quarteirão a determinada hora, o que pode constituir informação útil para negócios interessados em mudar-se para essa área. Os sensores permitem também aos cidadãos consultar uma app em para determinar a rota com menos ruído para chegar ao seu destino, útil para quem esteja numa chamada importante e não queira ser distraído pelo tráfego.

Saber o que as pessoas querem e do que precisam facilita o planeamento, e ter a sua aprovação facilita a adesão de investidores para alcançar estes objetivos.

Vancouver, que tem como objetivo tornar-se a cidade mais ecológica do mundo até 2020, tem sucedido em envolver os cidadãos, mantendo-se em contacto com os mesmos através de um questionário a cada seis meses, segundo Jesse Berst, chairman do Smart Cities Council.

“A questão do envolvimento dos cidadãos é resolúvel, pode usar os social media. Empresas como a IBM podem escutar os social media e determinar as prioridades dos cidadãos. Podem dizer-lhe de que lado de um problema estão realmente. Pode mesmo saber de forma granular o que os seus cidadãos querem e do que precisam,” afirma Berst.

4) Tomar partido da tecnologia que a cidade já tem

“Determine o que a sua cidade já tem que possa ser considerado Smart. Junte isto num modelo de governo e visão de cidade transversal a todas as entidades envolvidas, e já tem um programa Smart City,” afirma Carl Piva, vice presidente de programas estratégicos do TM Forum, uma associação de comércio global com mais de 900 membros.

Um exemplo da tecnologia pré-existente de uma cidade pode ser câmaras de vídeo nas vias públicas para promover segurança pública ou assistir equipas de resposta a desastres. Combinadas com uma app móvel da cidade, e conetando-as a um programa de software de análise de dados, poderiam não só constituir um sistema IoT próprio como também facilitar a implementação de tecnologia Smart City adicional.

É importante eliminar silos de dados de forma a que cada departamento de uma cidade saiba em que é que os outros estão a trabalhar.

“Um dos maiores problemas que vemos é que a maioria das cidades ainda operam em silos. Se tentarem tomar estas decisões separadamente, se não estiverem a operar com um raciocínio centralizado, [os sensores IoT] não comunicam uns com os outros,” explica Satyam.

5) Assegurar financiamento

Uma das principais preocupações das municipalidades é como poderão arcar com tecnologia smart. Pode não ser possível redirecionar fundos para um novo projeto, e obter aprovação para um novo projeto pode levar meses, se não anos.

Nos Estados Unidos, a anterior administração da Casa Branca anunciou o ano passado que iria fazer um investimento de 80 milhões de dólares em Smart Cities, em expansão de uma iniciativa que começou em 2015. Isto inclui 15 milhões para optimização da eficiência energética através de análise de dados, 15 milhões para investigação na melhoria dos sistemas de transportes públicos, e 10 milhões para programas de resposta a desastres naturais. Se o investimento será mantido resta ainda saber.

Apesar de seguir estes passos ajudar a facilitar o processo de transição de uma cidade para Smart City, mesmo os melhores planos terão falhas. “Nunca se tem sucesso logo na primeira vez,” afirma Piva.

 

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