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Lisboa discute o futuro da mobilidade e da sustentabilidade

Lisboa discute o futuro da mobilidade e da sustentabilidade

Lisboa ímpar, do fado que ecoa pelas ruas, dos passeios à beira do Tejo e dos elétricos amarelos que interligam os vários pontos da cidade. Para que esta identidade se mantenha, é essencial garantir uma cidade com melhor qualidade de vida. “Lisboa, uma cidade para todos” foi o mote da conferência realizada no Museu do Fado, com um olhar voltado para o futuro sustentável da mobilidade

A capital portuguesa esteve no centro do debate na conferência “Lisboa, uma cidade para todos”, que decorreu esta quinta-feira, no Museu do Fado. O encontro promoveu um debate sobre o papel das cidades nas dinâmicas globais, com destaque para os desafios e oportunidades no caminho para a sustentabilidade.

A abrir a sessão, Carlos Moedas, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, subiu ao palco para dar início ao debate, num espaço simbólico da identidade portuguesa, onde a mobilidade e a sustentabilidade estiveram em destaque. Numa reflexão sobre a necessidade de criar uma “cidade moderada”, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa revelou a importância da união e das políticas urbanas, onde a tecnologia e a inovação assumem um papel central. Segundo Carlos Moedas, uma “cidade de inovação” só é possível através de políticas que promovam a moderação.

No seu discurso, destacou ainda que, em Lisboa, 105 mil pessoas, entre jovens e idosos, têm acesso gratuito aos transportes públicos, o que, na sua perspetiva, coloca a cidade entre as poucas capitais europeias com esta medida. Num momento em que se posiciona contra a presença de tuk-tuks e TVDE no centro da cidade, Carlos Moedas terminou com uma mensagem positiva e inspiradora de uma “cidade com todos e de todos”.

De seguida, subiu ao palco Karen Vancluysen, Secretária-geral da Polis Network, que destacou a importância de uma transição justa e inclusiva para uma mobilidade urbana mais limpa e resiliente. Durante a sua apresentação, sublinhou que a transformação dos sistemas de transporte deve assentar em princípios de eficiência, acessibilidade, equidade e sustentabilidade, garantindo que ninguém fique para trás neste processo. Enfatizou ainda o papel das cidades e regiões na adoção de soluções inovadoras que promovam não apenas a redução das emissões, mas também um impacto positivo na qualidade de vida das comunidades.

Desafios e oportunidades para uma Lisboa sustentável

A transformação da cidade de Lisboa num espaço mais sustentável e acessível esteve no centro do debate, com destaque para os desafios e oportunidades no urbanismo e mobilidade.

Catarina Assis Pacheco, arquiteta paisagista e sócia-gerente da “FC – Arquitectura Paisagista, Lda”, destacou a criação iminente de um jardim na zona do Martim Moniz. Sublinhou ainda a necessidade de tornar Lisboa uma cidade mais voltada para o peão e menos dependente do automóvel, com o objetivo de reduzir o trânsito – uma preocupação que se estende também à Avenida Almirante Reis.

Nesta linha, Joana Almeida, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa (CML) com os pelouros do Urbanismo, Sistemas de Informação e Cidade Inteligente, Transparência e Prevenção da Corrupção, reforçou a necessidade de requalificar a Almirante Reis, uma via com 25 metros de largura que enfrenta desafios de segurança devido à ciclovia existente. Explicou que será implementado um novo perfil para a avenida, com duas vias de trânsito – uma ascendente e outra descendente –, melhorando a acessibilidade a outras zonas da cidade. A vereadora destacou que “investir no espaço público é investir na cidade” e alertou para o isolamento de alguns bairros, referindo-se a eles como uma “cidade esquecida”. Nesse sentido, revelou que está em curso um plano para melhorar a sua ligação ao resto da capital portuguesa.

Mobilidade e bem-estar urbano

No debate sobre Mobilidade e Qualidade de Vida: Uma Cidade para as Pessoas, Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da CML, afirmou que “a mobilidade é o tema das cidades”, representando um desafio transversal a nível global. Salientou que a prioridade da autarquia tem sido o investimento nos transportes públicos e em medidas que os tornem mais acessíveis à população, sublinhando a convicção de que um sistema de transportes eficiente é um fator determinante para o sucesso social e económico do país. Destacou ainda investimentos como os mais de 200 milhões de euros destinados à renovação da frota da Carris, a disponibilização gratuita da Gira para residentes em Lisboa e a criação de parques navegantes para incentivar o uso dos transportes públicos.

João Vieira, responsável pela área de estratégia e inovação nos transportes, energia e ambiente da Carris, confirmou que esse investimento está a permitir uma transformação na frota da empresa, tornando Lisboa uma cidade mais “sustentável e funcional”. Até 2028, a Carris prevê que todos os seus autocarros sejam elétricos.

Rui Lopo, vogal do Conselho de Administração dos Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), reforçou a importância da coordenação entre as diferentes entidades de transporte e revelou que, atualmente, há cinco vezes mais passes vendidos do que em 2019. Como exemplo, destacou o recorde de 703 mil passageiros num único dia, alcançado precisamente na véspera do evento, a 19 de fevereiro de 2025. Acrescentou ainda que, no total, cerca de 900 mil pessoas utilizam transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa.

Para integrar todas as vertentes da mobilidade urbana – desde o transporte individual e público até aos modos ativos, como a caminhada e a utilização da bicicleta –, Susana Castelo, CEO da TIS, abordou o Plano de Mobilidade Municipal de Lisboa, cujo desenvolvimento deverá estar concluído dentro de oito meses. O plano pretende diagnosticar os principais desafios da cidade e definir estratégias para os mitigar.

Cada vez mais focada no peão, Lisboa, considerada o “motor económico do país”, ambiciona tornar-se uma cidade mais sustentável. O vice-presidente da autarquia reforçou o compromisso ao referir que os estacionamentos para bicicletas aumentaram 74%, que o número de viagens na Gira quase duplicou – estando prevista a sua expansão a todas as freguesias – e que o investimento digital se reflete na atualização de aplicações que facilitam a mobilidade dos residentes, dos trabalhadores que se deslocam diariamente para o centro e de todos os que escolhem Lisboa como destino.

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