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"Há um caminho a percorrer na descarbonização dos municípios"

"Há um caminho a percorrer na descarbonização dos municípios"

Em entrevista com a Smart Planet, Vasco Cardoso, CEO da Green World, detalha o panorama de transição energética dos municípios portugueses e de que forma os serviços de consultoria especializados podem ajudar as autarquias a alcançar os seus objetivos de sustentabilidade

Vasco Cardoso

CEO da Green World

 

Smart Planet: Como surgiu a Green World, e em que âmbito operam?

Vasco Cardoso: A Green World nasceu em 2011, com a intenção de ser uma empresa virada para o futuro e centrada nas questões emergentes da sustentabilidade e eficiência energética. Esse desígnio não se alterou até aos dias de hoje, tendo vindo a reforçar-se. O nosso foco centra-se nestas temáticas e todas as áreas que fomos desenvolvendo estão intimamente ligadas a esta matéria. É verdade que as matérias a que nos dedicamos estão muito na agenda mediática, mas elas sempre foram o nosso foco, desde os idos tempos em que não eram assunto para o comum dos cidadãos. Estamos a falar, por exemplo, da Consultoria e Certificação Energética e Hídrica, da Georreferenciação e das Matrizes Energéticas, entre outras.

 

Com que concelhos já trabalharam, ou estão a trabalhar? que resultados alcançaram?

Trabalhamos com muitos municípios de norte a sul do país, mas também com muitas empresas que acreditam em nós para alterar os seus perfis energéticos e hídricos. Temos uma pegada geográfica distribuída pelos municípios nacionais, e reforço a nossa vontade em ajudar todos eles e todos os nossos clientes a melhorar as suas performances energéticas e a elevar os seus índices de poupança e de sustentabilidade a níveis de excelência.

 

Em que consiste o vosso serviço Matriz Energética? Como podem ajudar as autarquias a alcançar uma maior eficiência energética?

A matriz energética é um uma “radiografia” precisa de um concelho, conseguida a partir da aplicação de diferentes metodologias.

Adicionando várias valências da nossa empresa, que muitas vezes não são associadas a este tipo de trabalho, como a análise estatística, a recolha de dados físicos no terreno, assim como o tratamento e recolha de imagens da nossa equipa do departamento de Georreferenciação, partimos para a identificação dos consumos dos diversos tipos de fontes de energia e de possíveis respostas aos desafios do município.

Depois definimos, em conjunto com os atores locais, uma estratégia para uma revolução do tradicional conceito de energia e dos seus respetivos consumos, tendo em vista não só os objetivos que o país se propõe no PNEC, para a próxima década, bem como as mais avançadas e disruptivas tecnologias que o mercado coloca ao nosso dispor.

 

Considerando uma possível legislação para obrigatoriedade da existência de certificação hídrica, como é que isto irá afetar as autarquias, bem como o setor privado, e de que forma terão de se adaptar?

Consideramos que uma eventual legislação que regulamente as questões da poupança e da boa utilização dos nossos recursos hídricos será tão importante como foi a certificação energética dos edifícios. Calculamos e ambicionamos que se altere a forma como olhamos para os recursos naturais, designadamente para a utilização da água, que é uma questão incontornável não nossa circunstância de vida.

Creio que os nossos autarcas e as nossas empresas tudo farão para garantir que os comportamentos dos seus funcionários, clientes e cidadãos sejam, a cada dia que passa, mais adequados aos desafios que as alterações climáticas nos colocarão na próxima década.

 

Os vossos serviços abrangem esta área?

Sim, naturalmente. Temos na nossa equipa já alguns consultores no que respeita à eficiência hídrica e já estamos, neste momento, a aplicar estes conhecimentos nas nossas auditorias energéticas, que já incluem cerca de 20% de medidas, não só para a redução dos consumos de água potável, mas também para o reaproveitamento de águas pluviais e residuais.

 

Qual diria que é, em média, o nível de preparação das autarquias portuguesas para a descarbonização e eficiência energética e hídrica? Que caminho ainda tem de ser percorrido, e que obstáculos têm de ser derrubados para o conseguir?

Diria que os municípios portugueses estão a preparar-se muito bem para estes desafios. Obviamente que nada neste cenário é alheio aos recentes esforços e incentivos que têm vindo do Ministério do Ambiente e também da Economia, seja com fundos nacionais como o Fundo Ambiental ou com verbas resultantes de apoios europeus como os do tantas vezes citado PRR.

Há um caminho a percorrer, mas sabemos que esse caminho será mais fácil de fazer se começarmos pela alteração de comportamentos, desde logo pelos mais jovens. Esta faixa etária será sempre a mais beneficiada ou a mais prejudicada, dependendo da nossa perceção do problema e consequente ação coletiva.

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