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Estamos no momento certo para as microgrids em Portugal?

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Estamos no momento certo para as microgrids em Portugal?

A tecnologia das microgrids, que promove a sustentabilidade e a poupança de energia, e para a qual existe agora um conjunto perfeito de circunstâncias.

A subida dos preços da eletricidade no mercado grossista ibérico, que já levou a aumentos nos preços da eletricidade em Portugal, tem sido sem dúvida um dos grandes temas deste verão – e com razão. Contudo, é importante contextualizar esta tendência para compreender o panorama no seu todo e, principalmente, para identificar todas as possibilidades e oportunidades que este oferece. Uma delas é a tecnologia das microgrids, que promove a sustentabilidade e a poupança de energia, e para a qual existe agora um conjunto perfeito de circunstâncias.  

Sabemos que a volatilidade dos preços da eletricidade é uma realidade, e que não se espera que abrande em breve. As razões são conhecidas: o preço do gás natural está muito elevado e o custo das licenças de CO2também continua a aumentar.

A tudo isto soma-se ainda a urgência trazida pelas alterações climáticas e a necessidade de descarbonizar a energia, que representam atualmente um desafio e uma missão inevitável para todos nós enquanto sociedade. Esta situação é, ao mesmo tempo, um desafio tecnológico e económico: a integração das energias renováveis ​​é fundamental, mas a sua variabilidade e descentralização adicionam complexidade à rede elétrica.

 

Descentralização e prosumers

No que toca à descentralização, não podemos ignorar a evolução que a geração de energia por fontes renováveis tem tido junto de particulares e empresas, com o crescimento da geração distribuída (DER, na sua sigla em inglês). Em Portugal, a promoção da eletricidade renovável iniciou-se há 20 anos, em 2001, na sequência da publicação de uma diretiva europeia, mas em 2010 o país tinha apenas 34 MW de potência instalada; e hoje ainda está longe das metas estipuladas no Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) para 2030. Contudo, os consumidores estão cada vez mais capacitados para se tornarem produtores-consumidores (prosumers) ativos, capazes de gerar, armazenar e redistribuir energia quando necessário. Graças à digitalização, as suas instalações transformam-se em ativos inteligentes, comunicáveis e controláveis, capazes de se coordenar e automatizar para beneficiar todo o ecossistema. Neste contexto, surgem conceitos como o Prosumer Building, que implica que os edifícios estejam cada vez mais preparados para maximizar a sua flexibilidade energética, tanto “implícita”, com base no custo da eletricidade (graças, por exemplo, às novas tarifas por trechos, que potenciam a eficiência); como “explícita”, baseada em incentivos. Neste último ponto, é importante destacar que está previsto que, em 2022, a figura do agregador independente seja efetivamente ativada, o que permitirá a qualquer consumidor ou comunidade energética participar nos mercados de flexibilidade, prestando serviços negociáveis e monetizáveis à rede em diferentes mercados. 

 

Incentivo legal e económico

Continuando a refletir sobre as circunstâncias que compõem a “tempestade perfeita” para as microgrids, importa dizer que a legislação tem desempenhado um papel fundamental. A nível europeu, o Green Deal foi um marco regulatório importante: a União Europeia quer ser a primeira região do mundo a avançar para uma economia neutra em emissões de CO2. Para isso, aumentou recentemente as suas metas de redução de emissões até 2030, de 40% para 55%; e, para o conseguir, criou o pacote de reformas legislativas “Fit to 55”, que é possivelmente o mais ambicioso da sua história no que respeita ao clima, e que inclui medidas relacionadas com as energias renováveis. Entre elas, o objetivo de que, em 2030, 40% de toda a energia da UE seja produzida a partir de fontes renováveis.

Este conjunto de regulamentações dedicadas também gerou uma “onda” necessária de financiamento e ajudas públicas. Importa mencionar, por exemplo, o referido PNEC, e também o Plano Next Generation EU, que conta com 25.000 milhões de euros para projetos relacionados com a “Transição Energética”, para além de ajudas concretas para o armazenamento de energia em sistemas de autoconsumo (ou seja, microgrids).

Para além dos fundos públicos, acontece que o financiamento privado verde está agora mais barato do que nunca, estando os critérios de sustentabilidade ​​uma exigência crescente por parte dos bancos da UE. Isto levará a investimentos mais sustentáveis ​​e responsáveis, em linha com os critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança), que já começam a ser uma tendência nas empresas.

 

As microgrids como tecnologia-chave da transição energética

Por que razão este conjunto de circunstâncias representa o cenário ideal para as microgrids? Como sabemos, as microgrids são redes elétricas autónomas que conectam os recursos de energia distribuída (DER) e as cargas, atuando como entidades únicas e controláveis. Por operarem conectadas à rede ou em modo isolado, facilitam a conexão do armazenamento e da geração de energia renovável onsite. Tipicamente soluções mais pequenas, descentralizadas, e próximas da fonte de consumo de energia, tornaram-se fortes alternativas ao sistema de distribuição de energia centralizado. Assim, as microgrids adicionam recursos locais com redundância e modularização incorporadas para aumentar a fiabilidade e resiliência, e em paralelo reduzem os custos energéticos e o impacto ambiental.

É certo que, até agora, a implementação das microgrids não tem sido tão rápida quanto deveria; especialmente porque, durante muito tempo, estas redes foram vistas como soluções demasiado caras. No entanto, hoje em dia, graças aos incentivos económicos acima referidos, a par da queda dos preços da instalação de energia solar e das baterias, assim como da possibilidade de as financiar através de modelos de Renting ou de Energy-as-a-Service (EaaS), esta questão já não se coloca – e os benefícios das microgrids superam em muito o investimento que requerem.

 

Que beneficios trazem às empresas?

As microgrids são, naturalmente, uma ferramenta poderosa para impulsionar a descarbonização das empresas, ajudando-as a cumprir os critérios ESG; mas também lhes permitem ser mais competitivas. No futuro, espera-se até que novas indústrias de grande consumo de eletricidade possam utilizar critérios puramente energéticos para estabelecer a sua localização (onde possam maximizar a sua geração de energia renovável); mas as microgrids também podem facilitar desde já o planeamento e a gestão dos processos de qualquer empresa, tendo em conta o preço e a disponibilidade da energia elétrica. Por outra: ajudam a otimizar os custos de energia em todos os momentos, assegurando um impacto direto na demonstração de resultados.

 Ainda recentemente, as microgrids eram consideradas uma tecnologia do futuro. Contudo, já temos, hoje, as condições ideais para as fomentar, com soluções de mercado simples e acessíveis, tornando-as as novas facilitadoras da transição energética e cruciais para a recuperação sustentável. Caminhamos em direção a uma rede de microgrids.

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