ENERGIAS
La Muela: o futuro do Alto Tâmega

La Muela: o futuro do Alto Tâmega

Com uma potência instalada de 852 MW, a central de bombagem de Cortes La Muela não só oferece um vislumbre do que será a maior central hidroelétrica portuguesa, mas teve também um papel fulcral no seu desenvolvimento.

Se bem-sucedido, o futuro Sistema Eletroprodutor do Tâmega representará mais de 50% do objetivo do Programa Nacional da Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH), evitando a emissão de 1,2 milhão de toneladas de CO2 por ano, bem como a importação mais de 160.000 toneladas de petróleo por ano. Para melhor compreender o que um projeto de tal envergadura acarreta, a Iberdrola organizou a visita de um grupo de jornalistas portugueses ao aproveitamento hidroelétrico de Cortes—La Muela, cujo sistema de bombagem em muito se assemelha à central de Gouvães, parte do sistema do Tâmega e futuramente a maior central hidroelétrica do país.

O complexo de Cortes—La Muela, situado a 50 km em linha reta de Valência, é composto por um conjunto de instalações hidroelétricas, construídas no rio Júcar nos anos 80, às quais se juntou mais recentemente o projeto hidroelétrico de La Muela II. Iniciada em 2006, a ampliação da central de La Muela, tornou-se num dos maiores projetos hidroelétricos de bombagem da Europa.

Este tipo de central permite armazenar energia, através do enchimento por bombagem de água de uma albufeira a um plano inferior, para um plano superior, permitindo produzir posteriormente uma grande quantidade de eletricidade num curto período de tempo. Este é de momento o método mais eficiente (e o único viável a tão grande escala) de armazenamento de grandes quantidades de energia, possibilitando a respostas a picos de consumo numa questão de minutos, sem qualquer tipo de emissão de CO2 para a atmosfera. 

Isto é particularmente importante no que toca à introdução viável de energias renováveis, cuja produção não pode ser controlada em função dos picos de consumo, na rede elétrica. Desta forma, energia produzida durante períodos de muito sol ou vento mas baixo consumo energético pode ser armazenada para momentos durante o qual o consumo exceda a disponibilidade destes recursos 

Trata-se portanto de uma tecnologia que é fundamental como backup e suporte às energias renováveis, contribuindo igualmente para a estabilidade (do preço e do sistema) e segurança do fornecimento, moderando os preços, e permitindo reduzir os custos dos serviços complementares.

 

Reservatório de Cortes—La Muela, com 20 milhões de metros cúbicos de capacidade

A ampliação de La Muela, que conta com uma potência de turbinação de 852 megawatts, veio juntar-se às restantes instalações já existentes na região, como é o caso de La Muela I (630 MW), Cortes II (280 MW), Salto de Cofrentes (120 MW) e Millares II (67 MW), perfazendo uma potência total aproximada de quase 2.000 megawatts, o suficiente para fornecer energia a cerca de meio milhão de habitações, evitando a emissão anual de mais de dois milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera.

As centrais de La Muela I e II são reversíveis e permitem tanto a produção de energia por turbinação, como o armazenamento de água na albufeira superior—o mesmo princípio de funcionamento que terá a central de Gouvães dentro do SET.

Comparando a ampliação da C.H. La Muela e a A.H. Gouvães, verifica-se que os números são muito idênticos. A C.H. La Muela II tem uma potência de 852 MW, quatro turbinas/bombas, um desnível de 518 m, uma albufeira com capacidade de 20hm3 de água, com um caudal de 192m3/s (48 m3/s por cada turbina/bomba) e um comprimento de circuito subterrâneo de 850m de betão com blindagem.

Por sua vez, a A.H. Gouvães possui uma potência de 880MW, 4 turbinas/bombas, um desnível de 657m, uma albufeira com capacidade de 13,7hm3 de água, com um caudal de 160m3/s (40 m3/s por cada turbina/bomba) e um comprimento de circuito subterrâneo de 6.827 m, dos quais 4.673m de betão sem blindagem e 2.154 m de betão com blindagem, tornando esta parte da obra de Gouvães um pouco mais complexa que a de La Muela II.

O know-how e tecnologia que a Iberdrola desenvolveu na construção deste complexo de Valência irão ser transportados para o Sistema Eletroprodutor do Tâmega, contribuindo para o sucesso deste projeto não só como fonte de energia limpa mas também como salvaguarda da rede elétrica e da viabilidade do aproveitamento de energias renováveis.

RECOMENDADO PELOS LEITORES

NEWSLETTER

Receba todas as novidades na sua caixa de correio!

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.